quinta-feira, 1 de maio de 2008














Reservoir
caneta preta e lápis grafite sobre papel
42,1 x 29,6cm, 2007



A ideia de reserva como decisão do “não fazer”, de deixar algo em suspenso, numa tentativa de suscitar a curiosidade, de dar a entender algo omitido ou que se quer omitir. A reserva que se configura por meio da omissão.
O braço que desenha é colocado sobre a folha aleatoriamente e dele se desenha o contorno. Com uma caneta repete-se o mesmo gesto (pequenos traços verticais), dentro de um espaço limitado pela rotação do pulso. O braço imóvel marca o espaço do desenho e a rotação do pulso a sua amplitude.


Esta pesquisa surge da necessidade de compreender e operar o Desenho numa relação directa com os actos performativos quotidianamente adquiridos.
O cozinhar, o Costurar, o falar são alguns campos de acção do Gesto. O gesto como prolongamento do pensamento para o exterior, como contaminação de um espaço/tempo. Numa relação estreita entre o verbal e o gestual. O corpo como motor do Desenho. O corpo biológico, que memoriza, que repete, que transfere, que limita, que implica.
Pretendo perceber de que modo a prática do desenho, encarado de forma processual (o processo do desenho enquanto espaço/tempo de concretização), pode ou não ser contaminada por acções do quotidiano.
A prática do desenho é aqui entendida como um campo, que produz ele próprio algo que o transcende e que ao mesmo tempo é um lugar de contaminação de acções exteriores a si, (Dupla dialéctica entre o desenhador e o desenho onde se processam diversas acções motoras do próprio desenhar). O objectivo é perceber se o Desenho tem a capacidade de memorizar, registrar dados e de se rever continuamente.
Pretende-se desenvolver ferramentas que permitam analisar as possibilidades desta transferência de dados segundo perspectivas formais, conceptuais, operatórias e linguísticas.

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